quinta-feira, 14 de março de 2013

UM LIVRO QUE VALE A PENA

Para aqueles que procuram a possibilidade de uma experiência de Deus, o livro do americano James Martin, apesar do título aparentemente pretensioso,  - A sabedoria dos jesuítas para (quase) tudo - editado no Brasil pela Sextante, vale a pena ser conhecido.

Os leitores acostumados à linguagem religiosa, que fala de Deus direta e abertamente, vão encontrar reflexões que aprofundam a experiência de Deus no cotidiano rotineiro de cada um, dando-lhe um sentido maior.
Os leitores não tão acostumados a essa linguagem, mas que buscam entender melhor a experiência de Deus, que gostariam de vivenciá-la e nem sempre conseguem, oscilando entre o desejo e a dúvida, também vão encontrar momentos preciosos de reflexão no livro de James. Terão de garimpar, é verdade. Julgarão ver muitos cascalhos, mas entre eles estarão lá alguns diamantes preciosos.
Já os leitores para os quais esse tipo de busca é inócua, insípida e sem sentido, não vão gostar nem um pouco da leitura. Aliás, acho que não vão sequer aproximar-se de um título assim.
Mas, para os que vão conhecer essa obra, James Martin, a paratir da vivência de Inácio de Loyola, da sua própria e da de seus amigos, irá conduzi-los por uma estrada com curvas muito interessantes. Vejamos algumas:

"Provavelmente você também já se sentiu assim em alguma época da sua vida. Muitos de nós - pais de filhos pequenos, executivos estressados, estudantes ocupados, padres atarefados - nos sentimos inundados pela vida, empurrados para um milhão de direções diferentes. E pensamos: Eu tenho que mudar meu ritmo de trabalho ou me mudar de onde estou morando."

"Ter pobreza de espírito significa aceitar que não temos poder para mudar alguns aspectos de nossa vida. Somos todos membros de uma espécie que não é autossuficiente. Somos criaturas atormentadas por dúvidas e inquietações intermináveis e por corações insatisfeitos." - Escreve James, citando um teólogo alemão.

"Quando lhe perguntei onde ele mais encontrava Deus, seu rosto imediatamente se iluminou e ele disse: Em meus filhos!  Era fácil para ele encontrar Deus, já que ele sabia onde procurar.
Você encontra alegria na natureza? Então procure Deus no mar, no céu, nas matas, nos campos e nos rios. Você se relaciona com o mundo por meio da ação? procure Deus no seu trabalho. Gosta de artes? Vá a um museu, a um concerto ou ao cinema e busque Deus por lá."

"Minha imagem favorita, no entanto, vem da tradição islâmica que enxerga Deus como alguém que nos busca mais do que nós O buscamos. Ela está em um dos provérbios divinos revelados por Deus ao profeta Maomé: E se (o meu servo) der uma passo para mim, eu darei dois para ele; e se der dois passos para mim, eu darei dez para ele; e se ele vier até mim caminhando, eu vou correndo até ele."

"Não é preciso esperar que sua vida se aquiete, que seus filhos saiam de casa, que você encontre o apartamento perfeito ou se recupere de uma longa enfermidade... Não é preciso esperar por nada disso... Deus o encontra onde você está."

Vale a pena!

Mauricio G. M. de Carvalho